terça-feira, 2 de setembro de 2008

Merthiolate

Sou do tempo que em qualquer machucadinho que tivesse, proveniente das travessuras infantis, maior que o terror que o sangue causava, era o pânico do tal merthiolate.
Chegava em casa chorando, e lá vinha minha mãe com o tal vidrinho.
- Vai ardeeeeeeeeeeeeer!
- Se não arder não mata os micróbios- insistia minha mãe.
Depois de um tempo descobriram a tal da fluoxetina, que é bem mais eficaz, e que não arde.
Muito sem graça... É como não sentir o azedinho da limonada.
Hoje, daquela época, só restaram as cicatrizes. Muitas por sinal.
Brinco que meu braço parece braço de bandido, tantas são as marcas.
Hoje me sinto como naquela época. Pânico do que dói, do que arde em mim.
E um inconformismo com a dor que se foi, com a ardência que ainda lateja em mim.
Os machucados se vão. As cicatrizes ficam.
Confuso? Mais ainda pra mim.
A vida está cada vez mais sem sentido. Mas eu sinto uma saudade do tal merthiolate...

Um comentário:

  1. Bons tempos...
    Fá, ferida que não dói para sarar não é ferida, né?
    Bjus.

    ResponderExcluir